Imagine um tratamento que utiliza o seu próprio sangue, enriquecido com uma mistura terapêutica de ozônio, para estimular o organismo a se regenerar, fortalecer a imunidade e combater inflamações crônicas. Essa é a proposta da auto-hemoterapia com ozônio, uma técnica que tem ganhado espaço na medicina integrativa por seu potencial de ativar o sistema imunológico, melhorar a oxigenação dos tecidos e promover o equilíbrio do corpo.

Apesar de ainda não ser amplamente difundida em todos os sistemas de saúde convencionais, essa prática já é utilizada por diversos médicos especializados em ozonioterapia, que observam em seus pacientes melhoras significativas em quadros de dores crônicas, doenças autoimunes, síndromes metabólicas e até no apoio ao tratamento de infecções virais e bacterianas. Com base na atuação clínica da Dra. Maria Emília Gadelha Serra — médica reconhecida nacional e internacionalmente pela aplicação segura e eficaz da ozonioterapia — este artigo explora, de forma acessível, como funciona a auto-hemoterapia com ozônio, seus benefícios, aplicações clínicas e as bases científicas que sustentam sua utilização.

O que é a Auto-Hemoterapia com Ozônio?

A técnica consiste basicamente em retirar uma pequena quantidade de sangue venoso do paciente, misturá-la com uma dose controlada de ozônio medicinal e, em seguida, reinfundir essa mistura de volta na corrente sanguínea. Esse procedimento, que parece simples à primeira vista, desencadeia uma cascata de respostas bioquímicas e imunológicas poderosas no organismo.

O ozônio, quando usado em concentrações terapêuticas, age como um agente modulador. Ele não só melhora a oxigenação celular, como também estimula a produção de enzimas antioxidantes, como a superóxido dismutase e a catalase, que são cruciais para combater o estresse oxidativo — um dos principais causadores do envelhecimento precoce e das doenças degenerativas.

Como o Corpo Reage ao Sangue Ozonizado

Ao reinjetar o sangue enriquecido com ozônio, o corpo entende esse material como levemente “modificado”, desencadeando uma resposta imune. É como se o organismo fosse treinado a reconhecer padrões inflamatórios e, com isso, passasse a agir de forma mais eficiente na autodefesa e regeneração. A técnica é frequentemente comparada a uma “vacina autóloga”, pois estimula reações específicas e benéficas sem a introdução de substâncias externas ao corpo.

Além disso, há um efeito quase imediato na circulação. O ozônio melhora a deformabilidade dos glóbulos vermelhos, facilitando sua passagem pelos capilares e promovendo maior oxigenação dos tecidos periféricos. Isso é especialmente benéfico em pacientes com má circulação, como diabéticos ou pessoas com doenças vasculares.

Indicações Clínicas e Benefícios Comprovados

Entre as aplicações mais comuns da auto-hemoterapia com ozônio, destacam-se:

• Doenças autoimunes: como lúpus, artrite reumatoide e esclerose múltipla. A terapia ajuda a regular o sistema imune, diminuindo reações exacerbadas.

• Doenças infecciosas: o ozônio possui propriedades bactericidas, fungicidas e virucidas, auxiliando no controle de infecções resistentes.

• Doenças metabólicas: como diabetes tipo 2 e síndrome metabólica, devido ao seu efeito anti-inflamatório e de melhora na sensibilidade à insulina.

• Dores crônicas e fibromialgia: reduz marcadores inflamatórios, melhora a oxigenação e contribui para o alívio das dores.

• Fadiga crônica e estados depressivos: pacientes relatam aumento da energia, melhora do humor e mais disposição após algumas sessões.

É importante destacar que o protocolo, dosagem e frequência das aplicações devem ser definidos por um profissional qualificado, pois a eficácia e segurança do tratamento dependem desses fatores.

Segurança e Aspectos Regulamentares

Embora o ozônio medicinal seja extremamente seguro quando usado corretamente, seu uso ainda não é regulamentado de forma uniforme em todos os países. No Brasil, a prática médica da ozonioterapia está amparada por resoluções do Conselho Federal de Medicina para uso experimental e, mais recentemente, pela Lei nº 14.648/2023, que autoriza a prática por profissionais da saúde com qualificação específica.

A segurança do procedimento é reforçada pelo fato de que não há introdução de medicamentos ou produtos sintéticos no corpo, mas sim a reutilização de material biológico do próprio paciente, devidamente enriquecido. Quando aplicado com técnicas assépticas e equipamentos apropriados, o risco de complicações é mínimo.